domingo, 17 de janeiro de 2010

EXCLUSIVO - ENTREVISTA COM JOSÉ ROSZEMBLITS

Acompanhem mais uma entrevista EXCLUSIVA que eu fiz com José Roszemblits, empresário responsável pelo lançamento dos seriados Jiban, Jiraya, Lion Man “Laranja” e “Branco”, além de diversos animes nos anos 80.





Com revelações históricas, o empresário comenta segredos e curiosidades sobre os seriados japoneses. Afinal, os episódios finais de JIBAN foram dublados? E Lion Man Branco? Respostas para essas e outras perguntas vocês encontrarão a seguir:

Guedes – Em 1988 o Sr Toshihiko Egashira proporcionou a invasão dos heróis japoneses, liderados por Jaspion e Changeman. Nessa época a Top Tape comprou Jiban, Jiraya e Lion Man. O Sr diria que foi influenciado pelo sucesso da Everest?

J.R.
– Como você sabe, nessa época o mercado pedia por esse tipo de produção. Não só eu como outras empresas investiram nesse tipo de produto. O fato de termos adquirido esses tipos de seriados foi em consequência do sucesso do Sr Egashira sem dúvidas.



Guedes – Além de Jiban, Jiraya e Lion Man, a Top Tape tinha interesse em adquirir algum outro seriado da Toei? Qual o seriado de maior sucesso da empresa?

J.R.
– Jiraya foi nosso projeto de maior sucesso e o que nos impulsionou a investir nesse tipo de produção. Na verdade a concorrência era muito forte e muitas vezes impossível de competir. Muitas vezes se compravam vários seriados previamente de uma só vez, o que dificultava a aquisição de novas produções.



Guedes – A Top Tape tinha interesse em adquirir o filme do Jiban? O Sr chegou a comprar o filme?
 

J.R. – Por ser um seriado muito recente, na época os direitos custavam muito caro. O custo X benefício para adquirir o filme não nos compensava.



 Guedes – A Top Tape tinha uma ligação muito forte com a Rede Manchete. Constantemente essa emissora exibia trailers de vários lançamentos em vídeo da Top Tape. Curiosamente essas propagandas eram exibidas na época em que a Manchete exibia Jiban, Jiraya e Lion Man. A Top Tape tinha algm tipo de preço especial para a veiculação de seus comerciais por conta das séries licenciadas para exibição na emissora?
 

J.R. – Não, os contratos de veiculação da Rede Manchete eram feitos como de costume, não existia nenhum preço ou vantagem especial.



 Guedes – O seriado Jiban foi exibido quase que simultaneamente no Brasil e no Japão. Sabe-se que a empresa concorrente, Everest Video, tinha registrado no seu nome a marca GIBAN. A Top Tape teve de negociar com a Everest video a utilização desse nome ou isso resolveu-se apenas modificando a grafia GIBAN para JIBAN?

J.R.
– Não houve isso. Negociamos a compra do seriado Jiban diretamente com a Toei Co. Não tivemos problemas com a escrita da série.

 

 Guedes – Na época vocês lançaram LPs com a versões brasileiras das músicas dos seriados. Por que não lançaram as músicas em japonês?

J.R.
– É preciso entender que na época nós trabalhávamos com o mercado infantil, não haveria sentido se nós lançassemos os LPs em japonês. Achei melhor fazer as versões em Português para as crianças. Hoje em dia talvez eu pensasse diferente



 Guedes – Alguns sites irresponsáveis dizem que os seriados tokusatsu foram para a Top Tape como “brinde” na compra de títulos maiores. A série Lion Man principalmente, por ser antiga, é considerada como “troco”, motivo pelo qual a série teve menos da metade de seus episódios exibidos na tv. O que há de verdade sobre isso? Conte-nos mais sobre as negociações de Jiban, Lion Man e Jiraya.

J.R.
– Não houve isso. Adquirimos Lion Man porque o mercado pedia por esse tipo de produção. Na época achei interessante a temática da série, já que era uma história que fugia um pouco dos padrões dos heróis que eram trabalhados. Infelizmente não tivemos sucesso com esse projeto. Jiraya e Jiban, por serem seriados mais novos eram o nosso grande foco.




Guedes – Na época não houve interesse em importar os bonecos japoneses desses seriados?

J.R.
– Interesse havia, mas os custos para importarmos os produtos japoneses eram extremamente elevados, e na época não nos parecia interessante. Achei melhor fabricar os meus próprios produtos através da Glasslite.



Guedes – No Japão o herói Lion Man possuía 2 formas distintas. A primeira, de 1972, conta as histórias de um Lion Man branco. A segunda série é de um Lion Man laranja. Aqui no Brasil foram exibidos primeiro os 25 episódios do seriado mais recente, Lion Man laranja. O Lion Man branco teve apenas 15 dos seus 54 episódios exibidos. Essa série do Lion Man branco veio incompleta? Se veio completa, foi dublada por inteiro?

J.R.
– Todos os seriados que comprávamos mandávamos dublar por inteiro. O seriado Lion Man nós não exibimos por completo devido ao baixo retorno que tivemos, comercialmente falando.



Guedes – Em 1998, antes de sua falência, a Rede Manchete reprisou o seriado Jiraya. Curiosamente as masters eram as mesmas da Top Tape. Outro empresário alega ter comprado os direitos dessa série diretamente da Top Tape para poder relicenciar para a Manchete. Isso é verdade?

J.R.
– Sim, como não havia interesse nosso em trabalhar com esses seriados, vendemos para o Sr Egashira.



Guedes – Na época a Top Tape lançou os VHS de Jiraya e Jiban. Por que a empresa não lançou todos os episódios em VHS?

J.R.
– Não lançamos até o fim pois não obtivemos o retorno necessário para a conclusão desse projeto.



 Guedes – Por onde andam as fitas masters de Jiraya, Jiban e Lion Man? Elas estão em condições de uso?

J.R.
– As fitas do seriado Jiraya foram passadas para o Sr Egashira. Jiban e Lion Man ainda estão em nosso poder. Sim, estão em perfeitas condições de uso.



Guedes – A Top Tape chegou a realizar algum circo show dos heróis? Se houve algum circo show onde estariam as fantasias utilizadas para tal evento? Essas fantasias foram importadas diretamente do Japão ou foram feitas réplicas no Brasil? As roupas custaram muito caro?

J.R. – Na época importamos diretamente com a produtora japonesa todo o figurino de Jiraya e Jiban. O custo das roupas estava vinculado à renda dos shows. Fizemos shows apenas com o herói Jiraya. A roupa do Jiban foi utilizada apenas para ensaios fotográficos e publicidade. Guardo comigo a roupa do Jiraya e Jiban.



Guedes – Existe a possibilidade do lançamento de seus antigos seriados em DVD? Seriados como Jiban, Lion Man, Jiraya. Você acredita no potencial dessas séries no mercado de DVD?
 

J.R. – Nunca pensei nisso. Mas não creio que seja viável um lançamento desse tipo. Se na época em que trabalhamos com os seriados não tivemos retorno no lançamento em VHS, não creio que um lançamento em DVD poderia render bons frutos.



Guedes – Nos anos 80 a invasão de animes em VHS era a modinha do momento. Animes como Project A-ko e outros foram lançados em vídeo pelo selo Top Tape fazendo a alegria da criançada. A Top Tape não pensa em relançar esses animes em DVD com a dublagem antiga?
 

J.R. – No momento não temos interesse nesse mercado.
.

Guedes – A Top Tape guarda em seu acervo todas as masters de todos os títulos lançados por ela?

J.R. – Sim.



Guedes – Voltando ao tema tokusatsu, o seriado Jiban não teve seus dois últimos episódios exibidos na tv. Comenta-se que tais episódios teriam sido dublados e não passaram por estratégia da emissora. Na verdade os episódios finais de Jiban vieram ao Brasil ou não? Foram dublados?

J.R.
– Dublamos o seriado por completo. Os finais não foram exibidos por estratégia da emissora, não nossa. O seriado acabou saindo da grade sem que os finais fossem exibidos. O nosso objetivo era lançá-los em VHS, mas não obtivemos retorno para concluirmos o lançamento.



Guedes – Na sua opinião, o que levou à total extinção desse tipo de séries na televisão brasileira?
 

J.R. – A saturação do produto. Houve uma exposição maciça e intensiva desses seriados. Nessa época, todos os seriados que eram produzidos já eram adquiridos para o Brasil. Era inevitável o desgaste.



 Guedes – Agradeço a atenção nos dada. Deixo este espaço para suas considerações finais aos fãs dos seriados japoneses.

J.R. – Espero que o nosso trabalho tenha proporcionado momentos mais felizes para a infância de vocês.

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